Serra da Freita
25 abril de 2025

Serra da Freita
O dia era de "Liberdade" conquistada em ´1974. A meteorologia apontava para um dia de boas temperaturas. Em plena N2, junto ao santuário da Nossa Senhora da Ouvida, no concelho de Castro Daire, reunimos as "burras" para um dia de serra, douro e gastronomia.
Subimos a serra do Montemuro pela N321 em direção a Cinfães. É uma das estradas fabulosas para se fazer de moto. Obrigatório parar nas "Portas do Montemuro" para contemplar a paisagem, até onde o horizonte alcança.
Num dos pontos mais altos da serra do Montemuro, precisamente no limite entre Castro Daire e Cinfães, encontram-se as ruínas da Muralha das Portas do Montemuro, sítio arqueológico, já mencionado no século XIII, apresentando vestígios de um povoado fortificado da Idade do Ferro. As Portas do Montemuro constituem, também, um geossítio de elevado interesse geomorfológico, localizado, aproximadamente, a 1213 metros de altitude, revelando-se um magnífico ponto de observação, quer da morfologia e paisagens da serra do Montemuro, quer dos conjuntos morfo-estruturais envolventes, com destaque para o vale de fratura do rio Bestança. Em dias de céu limpo é possível obter-se daqui uma panorâmica privilegiada para o norte e centro de Portugal continental: a norte do Douro, o Gerês e o Marão e o casario ao longo das margens deste rio, e a sul do Douro, todo o vale do rio Bestança, onde se instalaram aldeias como Alhões, Bustelo da Laje e Granja. A sul do Vouga as serras do Caramulo e da Estrela; a Sul do Paiva o Maciço da Gralheira e a norte do Paiva a aldeia de Faifa.

Passando por Cinfães, fizemos a mítica N222 até Entre os Rios. A Estrada Nacional 222, que liga Portugal de oeste a leste tendo sempre o Douro como companhia, vai desde Vila Nova de Gaia até Almendra no concelho de Vila Nova de Foz Côa. A paragem foi junto ao memorial que foi construido na entrada da ponte Hintze Ribeiro, que ligava Entre-os-Rios a Castelo de Paiva, quando no dia 4 março de 2001, colapsou subitamente. O Anjo de Portugal - Monumento de Homenagem às Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios.

A estrada que fizemos foi a N224 que liga Castelo de Paiva e Arouca. Estrada com bastantes curvas, por entre eucaliptais densos e uma vegetação típica da primavera. Esta é uma estrada bastante agradável. Não é espetacular, mas é bastante agradável. A vista não é nada de especial. Foi a nossa opção. Chegados a Arouca, já era hora do repasto. A escolha foi a "Tasquinha da Quinta". Uma espetada de vitela grelhada na brasa, que estava maravilhosa.
Depois do almoço ainda deu para visitar a Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Arouca. Inserida no Mosteiro de Santa Maria de Arouca, em pleno centro histórico, a Igreja do Mosteiro apresenta-se majestosa e dominadora, mostrando, exuberante, as pinturas, as esculturas e a abundante talha dourada. É um local de recolhimento e oração, mas também um espaço de contemplação. O projeto, traçado em 1703, deve-se ao arquiteto maltês Carlos Gimac. O interior deixa ressaltar o equilíbrio da combinação entre a arquitetura e a ornamentação barroca, com belos retábulos de talha dourada. A viagem foi pela N224 até Saril, onde apanhamos a CM1233.
Na M511 e na M621 seguimos até Frecha de Mizarela. A Frecha da Mizarela, é uma queda de água localizada na Serra da Freita, a uma altitude de cerca de 910 metros. Fica junto à aldeia da Mizarela, nas imediações de Albergaria da Serra.
Alimentada pelas águas do rio Caima, e com cerca de 75 metros de altura, é a mais alta cascata de Portugal Continental e uma das mais altas da Europa.
A formação desta queda de água deve-se à abundância de granito e xisto no local. Como o granito é mais resistente à erosão do que o xisto, ao longo do tempo formou-se um desnível que deu origem a esta cascata. Também a orientação dos sistemas de falhas influenciou a formação desta escarpa.
Nesta cascata, o rio Caima despenha-se a mais de 60 metros de altura, primeiramente numa queda comprida e bastante a pique, depois, em quedas mais pequenas. Na aldeia da Mizarela, aproveite o miradouro que oferece uma magnífica panorâmica da cascata e da exuberante paisagem envolvente. Para se conseguir uma vista mais desafogada, é necessário descer um pouco da estrada (de carro ou a pé). Outro local interessante para mirar a Frecha da Mizarela é a Aldeia da Castanheira, onde ficam localizadas as Pedras Parideiras.
A Serra da Freita é famosa pelas suas lindas paisagens, mas também por ser uma montanha onde as pedras têm filhos. Referimo-nos às Pedras Parideiras, localizadas no lugar da Castanheira, próximo do Radar Metereológico, no planalto da Serra. São um fenómeno geológico único em todo o mundo e um dos sítios mais emblemáticos de Arouca.
As Pedras Parideiras contêm nódulos de minerais mais escuros, que aparecem no granito. Devidos aos fatores meteorológicos, esses nódulos saltam, por isso são chamados de paridos. O granito é a parideira. Estes nódulos apresentam dimensões que variam entre 1 e 12 centímetros de diâmetro.
Do ponto de vista geológico, esta rocha designa-se «granito nodular da Castanheira» e estende-se por uma área de cerca de 1 km2.
Associadas a estas formações graníticas com 320 milhões de anos, desenvolveu-se a ideia de que elas teriam poderes milagrosos, ligados à fertilidade. Assim, as populações locais acreditavam que, colocar uma das pequenas pedras-filhas debaixo da almofada, poderia aumentar a fertilidade da mulher. O complexo das Pedras Parideiras não está preparado para mobilidade reduzida, no entanto, essas pessoas podem apreciar este fenómeno num espaço anexo à Casa das Pedras Parideiras.
A paisagem é de fato incrível. A estrada, estupenda. Por entre o vento que passa, os animais que se alimentam e o silêncio da serra, conseguimos disfrutar de um dia maravilhoso.
O último ponto de paragem na serra foi o miradouro do Detrelo da Malhada. A Panorâmica do Detrelo da Malhada é um geossítio do Arouca Geopark. Trata-se de um miradouro, com vistas imperdíveis, desde a serra até ao mar.
Fica situado a 1099 metros de altitude, na freguesia de Moldes, em pleno coração da Serra da Freita. Oferece aos visitantes paisagens fantásticas e cheias de contrastes, permitindo alcançar o vale de Arouca, as elevações do Gamarão, o vale do Paiva, a Serra de Montemuro, o encaixe do vale do Douro e serras desde Valongo até ao Gerês.
A Oeste, é possível alcançar o Oceano Atlântico e a região litoral entre Espinho e o Porto e, a Oriente, a vista estende-se desde o Côto do Boi, até às serras da Arada, do São Macário e do Marão.
O miradouro, apesar da sua amplitude visual, não oferece uma vista de 360 graus, rondando, apenas, os 180 graus. Todavia, esta plataforma suspensa foi pensada e construída de forma a poder levar o visitante a viajar" por vales, por serras, por rios e pelo mar.
Por se tratar de uma zona muito ventosa, nas imediações deste miradouro, foi criado um parque eólico.
Se tiver sorte com o tempo e apanhar um dia sem nevoeiro, vai ficar extasiado com as paisagens que pode vislumbrar, a partir do Detrelo da Malhada.
De regresso a casa, hora de descer a Serra da Freita em direção às Termas de São Pedro do Sul pela estrada ER326 em direção à aldeia de Bordonhos. Com mais de dois mil anos de história, as Termas de S. Pedro do Sul contam já com inúmeros casos de sucesso e onde o regresso anual dos aquistas é uma realidade conseguida. São também as maiores termas a nível nacional e estão entre as maiores e melhores da Europa. Para quem gosta de fazer uns banhos de água termal, aqui fica a composição das águas de S. Pedro do Sul.
- Mineralização Total: fracamente mineralizada
- Quimismo: Sulfúrea, Bicarbonatada, Sódica, Fluoretada
- Temperatura: 67ºC
- pH: 8,8
Depois de um refresco hidratante, hora de regresso a casa.
Regressámos a casa pela N228 em direção a Castro Daire.
A última parágem foi no miradouro da Pombeira, na freguesia de Lamelas. As Montanhas Mágicas já são conhecidas por outras atrações como os Passadiços do Paiva, a Rota da Água e da Pedra, as termas de S. Pedro do Sul e do Carvalhal e vários outros lugares de interesse desportivo, por exemplo. Vai ser inaugurado em junho de 2025, mas já se pode visitar o lugar. Aqui haverá atividades para todos os gostos, desde simples rotas de caminhada a miradouros ou atividades radicais. À entrada para todas as rotas haverá uma receção e um parque de estacionamento. Depois, haverá diversas valências como a descida do rio em canyoning. O ponto de destaque deste parque é o Miradouro da Pombeira, feito numa zona de grande atração turística, onde será possível observar todo o parque. Estará instalado numa plataforma de 12 metros, em que nove deles serão "suspensos sob a falésia e a cascata da Pombeira, criando a sensação ao visitante/turista de estar a flutuar sob o parque". Este miradouro só o consegui comparar com os do Douro internacional. Pela grandiosidade e a sua altura. O chão é feito em grade, o que dá ainda mais a sensação da sua altura.
A vida vale pelos dias que vivemos e partilhamos com aqueles de quem gostamos. Assim se faz e se escreve a nossa história. As nossas histórias. Saibamos escrever coisas belas na nossa vida. Um abraço e que Deus abençoe a vossa estrada.